Muitos são os comparativos que existem no mundo etéreo da Internet. Entre Windows e macOS. Outros ainda com Chrome OS, Ubuntu... mas há mais por aí. São vários os critérios de análise. A título de exemplo: Experiência de configuração; Login e iniciar a utilização; Opções de hardware; Apps incluídas; Compatibilidade com sofwtare de terceiros; Personalização do interface; Pesquisa e acesso rápido aos ficheiros; Modos de interação com o computador (touch, caneta e ditado); Interação com dispositivos móveis; Barra de tarefas / doca; Organização das janelas no ecrã; Jogos; Segurança e estabilidade do sistema; Questões de acessibilidade
Estes e muitos outros critérios são determinantes para a escolha de um computador que nos acompanhará diariamente nas nossas tarefas. E, claro, o sistema operativo é fundamental para a concretização dessa escolha.
Há, no entanto, que considerar as características da maioria dos utilizadores e perceber o seu contexto. Se, por exemplo, estivermos a falar de Gamers, o Windows não é sequer discutível. Tendo em conta que a maioria dos sistemas do nosso país opera com Windows, pois será natural que as pessoas prefiram ter um computador semelhante em casa. Para mais, com o incremento do teletrabalho, o apoio técnico é muitas vezes incapaz de ser eficiente no caso do trabalhador possuir um Mac. E isto acontece muito mais do que imaginamos.
Então, mas há sequer debate?
Claro que sim, caso contrário, entraríamos em total contradição com o conceito de escolha. Aliás, como todos sabemos, o caminho mais fácil nem sempre é a melhor opção.
Quando, há quase 20 anos, tive o meu primeiro contacto com um Mac, as minhas impressões traduziam-se na perceção de um objeto muito bonito e apelativo, mas com um sistema operativo estranho e pouco prático. Utilizador assíduo de Windows, cheguei mesmo a considerar que a Apple era meramente um símbolo de elitismo infundado, incompatível com tudo e portanto excluído do “mundo real”. E de certo modo era. Muito caro, muito específico. Impeditivo na maioria dos seus aspetos para uma utilização no quotidiano. Exigi mesmo ser o único no meu trabalho a utilizar um PC com Windows XP para trabalhar e senti-me muito feliz com esse conforto. Era, portanto, a única torre com um grande teclado preto naquela sala.
Eis senão quando chegam os iMac e os MacBook com processadores Intel. Percebendo, como sempre, a sua capacidade de inovar, as equipas da Apple permitiram uma abertura para os dois mundos em simultâneo: ter um Windows e um Mac na mesma máquina. Mas por essa altura, o Windows já era uma coisa do passado. E porquê?
Computador para burros e preguiçosos?
Já aqui escrevi um artigo intitulado “Porquê o Mac”, no qual aludi a questões baseadas no argumentário da Apple (com o qual concordo), bem como ao modo como as inteligentíssimas campanhas publicitárias da primeira década deste século tão bem o ilustravam.
Mas falo com base em experiências. Minhas, de familiares e de amigos. Ver para crer, não é?
A primeira recordação que tenho desta transição era o medo dos vírus. Se não o instalo, o que me poderá acontecer? Depois, a ideia de ter ali uma doca com tudo o que é preciso. Onde estava o START com aquele monte de coisas que me obrigavam a procurar as coisas que precisava (claro que fazia shortcuts na barra e ao lado do relógio. Mas tinha que os fazer)?
Tudo parecia tão imediato que parecia que faltava sempre alguma coisa. E esse tipo de sensação transmite insegurança.
Ou seja, de repente comecei a achar que aquilo era tão simples, gracejando com a ideia de os Macs serem computadores para burros: qualquer um pega naquilo e começa a usar. Literalmente isso: não havia manuais de instruções, drivers para toda e cada placa de hardware, anti-vírus........ não havia dezenas de procedimentos prévios para começar a usar o computador a partir do zero.
E porque é que digo isto? Porque, de tempos a tempos, para além dos defrag e dos disk cleanup, a formatação do computador para uma instalação fresca era um ritual saudável. A lentidão desaparecia durante algum tempo, as mensagens de erro, os ecrãs azuis... não me posso queixar: graças a isso aprendi muito sobre hardware e software. Fiquei informado sobre técnicas e dicas para mergulhar nos meandros destas máquinas. Mas isto porque sempre fui profundamente interessado nestas temáticas, algo que a maioria dos utilizadores não é. Apenas querem algo que funcione e não os chateie.
Uma vida sossegada
E é mesmo esse o conceito: uma vida sossegada. Se já na altura era assim, hoje em dia o que as pessoas mais querem é excluir o máximo de entraves numa vida tão preenchida não apenas com os afazeres profissionais e familiares, mas também com a torrente de opções de lazer colocadas à sua disposição através de tantos meios e formatos.
Os computadores e dispositivos móveis são uma peça-chave em todos esses cenários. Então para quê complicar? Não são poucas as pessoas, que vão desde absolutos info-excluídos a conhecedores muito limitados das lides informáticas (e porque não? O tempo é escasso e os interesses variam), cuja experiência de utilização de um dispositivo com iOS ou macOS foi rápida e eficaz. De um momento para outro, as portas do mundo gigantesco da Internet abriram-se, graças à simplicidade destes sistemas. Então no caso dos idosos, a sua capacidade de adaptação a um produto Apple parece-me ser bem mais rápida.
Mesmo quando queremos trocar de telefone. Como sabemos, nos tempos que correm, trocar de iPhone é ligar o novo, coloca-lo ao lado do antigo, apontar a câmara para uma espécie de “nuvem-código-de-barras”, digitar umas passwords e passado pouco tempo, eis que a “alma” do antigo migrou para o novo, pronto a usar, tal e qual o anterior.
É uma vida sossegada. O modo como os auscultadores, os telefones, os tablets, e mesmo a própria casa (com os seus acessórios inteligentes) interagem no ecossistema que a Apple criou, traduzem justamente essa sensação de continuidade: onde um acaba o outro começa. Em casa ou na rua.
Continuidade e minimalismo
Não falo de um minimalismo elitista e pseudo-artístico. Refiro-me mesmo à ideia de que não preciso de ser um conhecedor profundo ou de ter que depender a dada altura de técnicos para poder utilizar aqueles objetos. Refiro-me a usar um telefone ou um computador como quem pega no comando da televisão para mudar o canal, ou até mesmo pegar nuns talheres para almoçar ou jantar.
Esta é, no meu ponto de vista, a filosofia da Apple. Embora por vezes se “esqueça” disso, este minimalismo é precisamente a sua maior vantagem. Se por um lado não democratiza nos preços, por outro, talvez seja preciso pagar mais para se ter uma vida mais simples. Sem entraves. Comprar um objeto que dura, que tem qualidade na sua construção, que funciona muito bem e que não incomode é o que todos queremos.
De algum modo faz-me lembrar o mundo da moda. Podemos comprar dez peças de roupa mais baratas. E isso é muito importante, porque nunca nos poderemos esquecer que muita gente, mesmo a preços baixos, não pode comprar essas dez peças e apenas uma ou duas. Mas olhando para os frenesins dos saldos, das mudanças de estação, das novas coleções, dos sacos cheios de roupa que dali a uns meses vão ficar na prateleira porque “já não se usam”, fico a perceber um dos motivos dessa roupa ser de tão má qualidade. Certas coisas compram-se e passado um mês já estão cheios de borbotos ou perderam a cor.
Menos é mais
Prefiro ter menos, mas investir numas calças ou numa camisola mais cara, mas que dez anos depois ainda está impecável. Posso usa-la porque gostei delas quando as comprei. Não estão na moda? Mas quem me poderá julgar? A sociedade, pois...
A verdade é que valeu o meu investimento, porque se dividir o seu valor (mais elevado) pelos dez anos que já duraram, ficou mais barato do que se comprasse toneladas de roupa todos os semestres.
E sim, a Apple lança tudo e mais alguma coisa todos os anos. Mas conheço muito boa gente que, na altura em que sairá um iPhone 14, usam um 8 ou um X sem qualquer problema. E estão satisfeitos. Pessoas que têm um Apple Watch Série 1 e não sentem a falta de mais. E que funciona sem problemas.
Enfim, há muitas escolhas. A minha é a de ter uma vida sossegada neste departamento, já que os outros nem tanto (para o melhor e para o pior). Fiabilidade é a palavra de ordem. Quem não quer pessoas e objetos de confiança? O que vês é o que tens. Sem ilusões nem floreados. E isto é a Apple.
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