iPhone 16e (REVIEW): Positivo em quase tudo
O iPhone 16e é, sem margem para dúvidas, a porta de entrada mais apelativa que já existiu para o ecossistema da Apple. Lançado este ano, este é o modelo mais acessível da família iPhone 16, mas isso não significa que venha com grandes concessões. Pelo contrário: conta com o novo e poderoso processador Apple A18 e, ainda mais surpreendente, está preparado para receber a tão aguardada Apple Intelligence – a recente abordagem da marca à inteligência artificial, que deverá chegar a Portugal até ao final do ano.
Mas há mais motivos de destaque: a autonomia, por exemplo, é uma das melhores de sempre num iPhone, com a Apple a prometer até 26 horas de reprodução de vídeo. É, por isso, uma proposta tentadora para quem procura um iPhone com excelente desempenho e grande resistência longe da tomada - tudo isto a um preço mais contido.
Ainda assim, nem tudo é perfeito. Neste artigo vamos analisar em detalhe o que faz do iPhone 16e um modelo tão equilibrado… e também o que poderia ser melhor.
Construção que não desilude e novas ligações no iPhone 16e
O iPhone 16e apresenta um corpo em alumínio aeroespacial de alta qualidade, que não só contribui para um aspeto super premium e elegante, como transmite uma sensação de robustez superior à de muitos outros smartphones da mesma gama. A estrutura sólida reforça a durabilidade do dispositivo, tornando-o ideal para quem valoriza resistência sem abdicar de um design moderno e sofisticado. Está disponível em apenas duas cores, preto e branco, o que poderá limitar a escolha para utilizadores que procuram um toque mais personalizado ou arrojado. Ainda assim, ambas as opções mantêm a estética minimalista e cuidada que a Apple tão bem domina.
Em termos de proteção, o iPhone 16e conta com a mesma certificação IP68 dos seus irmãos flagship, garantindo uma elevada resistência à água e poeiras. Isto traduz-se na capacidade de aguentar imersões até 6 metros de profundidade por 30 minutos, uma mais-valia para quem leva o smartphone para todo o lado - seja para a praia, piscina ou até em ambientes mais exigentes no dia a dia.
A chegada da porta USB‑C a este modelo mais acessível do iPhone era muito aguardada. O novo conector torna o carregamento e a transferência de dados mais universais, permitindo também uma maior compatibilidade com acessórios de outros dispositivos Apple, como o iPad ou o MacBook. No entanto, importa sublinhar que este modelo continua a suportar apenas o padrão USB 2.0, o que significa velocidades de transferência significativamente mais lentas face aos modelos mais caros (os Pro, especificamente), que oferecem suporte a USB 3.0. Para a maioria dos utilizadores, isto não será um problema, mas quem faz uso intensivo da transferência de ficheiros - como criadores de conteúdo, por exemplo - pode sentir essa limitação.
Outro destaque que marca presença é o botão de ação, herdado também dos iPhone 16. Esta funcionalidade permite personalizares o comportamento do botão lateral que substitui o switch do silencioso, atribuindo-lhe atalhos rápidos consoante as preferências. Podes configurar, por exemplo, para silenciar o telemóvel, abrir rapidamente a app da câmara, ligar a lanterna, ativar o modo concentração, ou até mesmo aceder a atalhos criados na app Atalhos da Apple. Uma pequena mudança que, no dia a dia, pode fazer uma grande diferença em termos de conveniência e eficiência.
Autonomia impressiona e um ecrã OLED competente
Graças ao portentoso processador A18 e ao novo modem Apple C1, o iPhone 16e consegue atingir uma impressionante autonomia de até 26 horas de reprodução de vídeo – um salto notável face aos seus antecessores. Para se ter uma ideia, isto representa mais 12 horas em relação aos modelos iPhone SE anteriores e cerca de 6 horas a mais face ao iPhone 11. É, sem dúvida, uma das melhores autonomias alguma vez vistas num iPhone, tornando este modelo numa excelente escolha para quem dá prioridade à bateria. Se o teu dia é longo, cheio de notificações, chamadas, navegação e multimédia, o iPhone 16e pode acompanhar-te sem hesitações – e, com alguma gestão de uso, até aguentar dois dias sem recarregar. Um verdadeiro alívio para quem já está farto de andar com powerbanks atrás ou de ter de planear onde carregar o telemóvel a meio do dia.
No entanto, nem tudo é um mar de rosas - e é no ecrã que encontramos uma das principais concessões deste modelo. O painel OLED Super Retina XDR de 6,1 polegadas continua a ser muito competente: oferece excelente contraste, pretos profundos, e um brilho máximo de 1200 nits em HDR, o que o torna ótimo para ver conteúdos mesmo sob luz intensa. Contudo, a experiência visual podia ir mais além. O notch mantém-se presente, o que já começa a soar um pouco datado face à ilha dinâmica que encontramos até em modelos menos recentes da linha Pro. Mas o mais notório é mesmo a ausência de taxa de atualização de 120Hz (ProMotion) e do modo Always-On.
Para quem vem de um modelo Pro - como é o meu caso, habituado ao iPhone 14 Pro - estas ausências são imediatamente sentidas. A fluidez da navegação parece menos responsiva, mais “presa”, especialmente quando comparada com ecrãs de alta taxa de atualização. E se o compararmos com a concorrência direta no universo Android, como o Google Pixel 9a ou o Samsung Galaxy S24 FE, a diferença torna-se ainda mais difícil de ignorar. Ambos os modelos já oferecem ecrãs a 120Hz, o que torna o 16e visualmente menos moderno e até um pouco “atrasado” neste campo. Para muitos utilizadores, isto pode não ser um problema, mas se valorizas uma experiência visual verdadeiramente fluida, ou já estás habituado a isso, vais sentir que este ecrã está um passo atrás.
Câmara sólida
A câmara traseira do iPhone 16e é composta por uma única lente de 48 MP, com tecnologia Fusion e zoom óptico (que na prática é digital) a 2x. Apesar de, à primeira vista, parecer uma solução simplista, a verdade é que esta lente consegue resultados bastante competentes, sobretudo em ambientes de boa luminosidade. A Apple tem vindo a afinar o seu processamento de imagem ao longo dos anos e isso nota-se: as fotos são nítidas, bem equilibradas em cor e com um alcance dinâmico respeitável para um modelo de entrada da linha.
No entanto, é impossível não notar as ausências. Os modos Cinematic (para gravação com efeito de profundidade e foco automático entre sujeitos) e Action Mode (ideal para vídeos em movimento com maior estabilização) simplesmente não estão presentes neste modelo. E isto pode ser um ponto a ter em conta, principalmente se já estás habituado a essas funcionalidades noutros modelos da Apple - num iPhone 14 ou 15, por exemplo. Ou seja, se vens de um topo de gama, ainda que com dois anos, vais sentir que a experiência fotográfica é aqui mais limitada e menos versátil.
A ausência de uma lente ultra grande angular ou de uma lente teleobjetiva real também significa que tens menos opções criativas ao teu dispor, seja para paisagens amplas ou retratos mais dramáticos. Como dito acima, o zoom 2x é puramente digital, aproveitando o sensor de alta resolução, mas não substitui uma lente dedicada.
Apesar disso, e para ser justo, os resultados são mais do que aceitáveis para a maioria das utilizações do dia a dia e talvez surpreendentes para quem não tenha exigências profissionais ou não esteja tão atento a pormenores técnicos. E como a melhor forma de avaliar é ver com os próprios olhos, todas as fotografias que encontras abaixo foram captadas com o iPhone 16e. Tira as tuas próprias conclusões, porque no final do dia, a melhor câmara é aquela que tens contigo… e esta não te vai deixar ficar mal.
O iPhone 16e vale a pena?
O iPhone 16e é, sem dúvida, um equipamento muito bom, tanto para utilizadores que vêm de um iPhone 14 ou 15, como talvez ainda mais, para quem está a usar modelos mais antigos, como um iPhone 11, XR ou até mesmo um SE. Combina uma construção sólida com materiais de qualidade, uma autonomia surpreendente que facilmente dura o dia inteiro, e um desempenho fluido graças ao processador A18 e à integração com a Apple Intelligence. O design mantém-se simples, mas elegante e atual, continuando a transmitir aquela sensação premium que esperamos de um iPhone.
Contudo, nem tudo são rosas. O iPhone 16e fica atrás da concorrência em dois pontos-chave: um sistema de câmaras mais limitado e no ecrã. A ausência de uma segunda lente traseira e de modos como o Cinematic ou o Action Mode, e de funcionalidades como a taxa de atualização de 120Hz ou o ecrã Always-On, fazem-se notar especialmente para quem vem de um modelo da Apple topo de gama anterior ou de um Android de gama média-alta. Não é algo que estrague a experiência, longe disso mas são concessões que convém ter em mente.
E é precisamente aqui que entra a questão do preço. Comprar o iPhone 16e novo, no site da Apple, por mais de 700€, talvez não seja a escolha mais inteligente, sobretudo se considerarmos as limitações já referidas. Mas se olharmos para o mercado dos equipamentos recondicionados de qualidade, o cenário muda radicalmente.
Por exemplo, na iServices, encontras o iPhone 16e recondicionado a partir dos 538€. Estamos a falar de uma diferença de cerca de 200€ face ao preço oficial da Apple - uma poupança significativa que torna este modelo muito mais apelativo. A esse valor, o 16e transforma-se numa excelente opção para quem procura um iPhone atual, com excelente desempenho, grande autonomia e suporte para as mais recentes novidades de software (e IA) da Apple, sem precisar de gastar tanto.
Aproveito para agradecer à iServices pela cedência do equipamento utilizado nesta review. Sem este tipo de parcerias, seria difícil trazer até ti uma review tão completa e imparcial como esta. O iPhone 16e revela-se assim uma proposta sólida, com mais virtudes do que defeitos, e que surpreende positivamente por manter um nível de desempenho acima do esperado - ainda mais tendo em conta o preço praticado no mercado recondicionado.