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"Missão Greyhound": um retrato tenso das batalhas navais na Segunda Guerra Mundial  (Crítica)
Daniel Pinto

"Missão Greyhound": um retrato tenso das batalhas navais na Segunda Guerra Mundial (Crítica)

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A Apple tem procurado diversificar o catálogo da Apple TV+, num esforço inequívoco para angariar novos subscritores e manter os que já possui. Com a compra dos direitos de projetos como Missão Greyhound, que tem como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial, a Apple TV+ mostra-se, cada vez mais, uma opção viável para os espectadores que querem passar tempo a ver bons filmes e séries. E embora este título não esteja à altura de êxitos como O Resgate do Soldado Ryan – veremos mais à frente porquê –, não deixa de ser um filme de guerra tenso e bem realizado.

Missão Greyhound é uma adaptação do romance de C. S. Forester, The Good Shepherd, publicado em 1955. Conta a história do Capitão Ernest Krause (Tom Hanks), que, a bordo do navio USS Keeling (também conhecido por "Greyhound"), lidera um grupo de 37 navios numa missão através do Atlântico Norte para levar os milhares de soldados e mantimentos às forças aliadas. Krause é uma figura introspetiva, com dúvidas sobre a sua aptidão para comandar pela primeira vez um navio e coordenar os seus soldados. Sabe, no entanto, que tem de as colocar de parte se quiser contornar a força inimiga, soldados e submarinos nazis, e atravessar o oceano em segurança.

Tom Hanks em "Missão Greyhound" (Apple TV+)

A viagem é tensa e a ação aumenta quando o grupo de navios entra no chamado buraco negro do Atlântico, uma área sem cobertura aérea, patrulhada pelos submarinos inimigos. Torna-se evidente, desde início, que a jornada não será fácil e que Krause enfrentará inúmeros obstáculos no decorrer das suas funções. Hanks, que é também o responsável pelo roteiro do filme, mantém a tensão da viagem latente do início ao fim, através de diálogos e ações repetidas. Quando o Capitão ordena uma mudança na direção do leme, a sua voz ecoa pelo navio e os soldados prontificam-se a cumpri-la. O mesmo acontece, por exemplo, quando chegam atualizações ao radar e estas são retransmitidas por um intermediário. Existe constante movimento e agitação no navio, próprios dos momentos que antecedem a batalha naval, e que são retratados de forma fiel por Hanks e pelo realizador Aaron Schneider. É interessante observar a guerra desta perspetiva, quando estamos tão habituados às explosões e ação muito típicas de um combate terreno.

As interações constantes entre a tripulação do Greyhound (Apple TV+)

E se, por um lado, pode ser emocionante analisar a forma como os diferentes personagens se comportam num contexto tão específico (a fobia de permanecer num espaço reduzido ou a necessidade de obedecer a uma cadeia de comando), por outro, apercebemo-nos de que eles fazem parte de um elenco de apoio em torno de Hanks. A curta duração do filme e a ação constante deixam a maioria dos personagens negligenciados e subdesenvolvidos, ainda que sejam interpretados por artistas talentosos como Stephen Graham e Rob Morgan. Não há tempo suficiente no ecrã para que as suas histórias sejam aprofundadas e o espectador estabeleça qualquer espécie de empatia.

Inicialmente destinado a ser exibido nas salas de cinema, Missão Greyhound acabou por estrear diretamente na Apple TV+. Hanks e Schneider desempenharam um bom trabalho, que culminou num produto robusto o suficiente para ser visto por qualquer admirador de filmes sobre o conflito mais sangrento da nossa história.

Nota: 7/10
Missão Greyhound (Greyhound – EUA, 10 de julho de 2020)
Duração: 1h 31min
Realização: Aaron Schneider
Argumento: Tom Hanks
Elenco: Tom Hanks, Stephen Graham, Rob Morgan, Josh Wiggins, Tom Brittney, Elisabeth Shue, Will Pullen, Manuel Garcia-Rulfo, Karl Glusman, Chet Hanks, Jimi Stanton, Matt Helm, Devin Druid, Craig Tate, Travis Quentin, Jeff Burkes, Matthew Zuk, Joseph Poliquin, Casey Bond, Michael Benz

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Críticas