Um primeiro olhar no que vem por aí
Marcus Mendes

Um primeiro olhar no que vem por aí

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Ano novo, CES nova. Quem me acompanha há mais tempo sabe que eu nunca consegui levar a CES muito a sério, já que a esmagadora maioria do que é anunciado ou exibido na feira nunca chega a realmente a ver a luz do dia.

Ainda assim, claro, os conceitos apresentados pelas empresas em todo o começo de ano indicam o caminho que elas pretendem seguir, ou pelo menos explorar, quando o assunto é tecnologia.

A LG, por exemplo, no que já era quase uma tradição, passou anos a apresentar conceitos de TVs enroláveis. Ano após ano, era certeza que em algum momento da cobertura dos grandes portais da CES, veríamos a matéria “LG apresenta conceito de TV enroláveis na CES”. Este ano, no entanto, isso não aconteceu. O conceito da TV enrolável foi substituído por… um conceito de smartphone enrolável! E apesar de dar uma pequena vontade de rir dessa ideia fixa dos engenheiros da LG, a minha sincera opinião é que a ideia de um telefone com o ecrã enrolável é boa. Ela resolve o principal problema dos telefones dobráveis, que é a grossura que eles ficam quando estão dobrados.

E nota que o conceito da LG não é de um telefone 100% enrolável, que pode ser guardado no bolso depois como se fosse um pergaminho ou um canudo, mas sim de um telefone mais ou menos do tamanho de um Galaxy Fold, mas que o ecrã consegue recolher-se até ficar com uma proporção mais parecida com a de um smartphone tradicional. Ele não enrola mais do que isso, afinal, a bateria e os outros componentes internos do celular ainda não são tão flexíveis ou miniaturizados assim.

De qualquer forma, está evidente que todos estes anos a investigar a tal TV enrolável foi o que abriu caminho para o desenvolvimento do conceito do telefone enrolável. E a LG já prometeu que lançará o aparelho ainda em 2021! Vale dizer também que a LG não foi a única a apresentar algo assim. A TCL também mostrou um conceito parecido de telefone dobrável, e mostrou uma ideia típica de CES que é a de um tablet que, esse sim, pode ser completamente enrolado como se fosse um pergaminho. Facto é que quando mais de uma empresa começa a investir na mesma ideia, não tarda para que a ideia seja lançada mais cedo ou mais tarde para o julgamento final: a aceitação (ou reprovação) do público. A ver.

Mas a ideia do enrolável foi apenas uma das coisas que apareceram nesta semana de CES e que me parecem ter indicado o caminho que o mundo da tecnologia irá seguir. A outra coisa veio do mundo da Samsung. Não exatamente na CES, mas sim no evento Galaxy Unpacked para anunciar a linha Galaxy S21.

No evento, apesar de toooooooooodas as informações que se souberam sobre a linha na última semana, a Samsung ainda conseguiu surpreender com uma das questões que mais afetam o público: preço. Ao anunciar um corte de US$ 200 no preço de toda a linha Galaxy S21 em comparação com a linha Galaxy S20, a Samsung indicou que não brincará em serviço em 2021.

É claro que esse corte de preço não vem a troco de nada. A Samsung eliminou a entrada de cartão Micro SD, ela reduziu a qualidade de definição dos displays, e confirmou que, apesar de ter troçado da Apple há alguns meses, ela também removerá o carregador de parede da caixa do Galaxy S21 (e mais telefones no futuro).

Ainda assim, a mensagem da Samsung foi clara: em 2021, ela não vai brincar em serviço e fará de tudo para manter a base de clientes que ainda não migrou para os Xiaomis por causa de preço, ou para os telefones da Huawei pelo custo-benefício das câmaras em comparação com a linha Galaxy S.

É interessante observar que com esse corte de US$ 200, o Galaxy S21 partirá (nos Estados Unidos) do mesmo preço do iPhone 12. Há alguns anos, seria inimaginável que o iPhone básico seria mais barato do que o Galaxy S básico, mas cá estamos. E tenho certeza que esse corte de preço dará início a um movimento parecido, especialmente nos outros fabricantes Android.

Mas essa não será a única mudança que vejo a linha Galaxy S21 causar no mercado. Quero concluir o texto de hoje a chamar à atenção para um facto que quase ninguém comentou, mas que vejo como relevante: a compatibilidade da stylus S Pen com o Galaxy S21 Ultra, e o lançamento de uma versão Pro da S Pen. Além disso, a Samsung já prometeu o que muita gente esperava, que é a futura compatibilidade da Stylus com mais telefones.

Ao contrário da redução de preço, que não imagino que será respondida pela Apple com uma redução no preço dos iPhones, eu suspeito que a chegada da S Pen à linha flagship de telefones da Samsung cause sim uma reação parecida em Cupertino. Já não é de hoje que existem rumores de que o iPhone pode se tornar compatível com o Apple Pencil, e especialmente no ano passado esse rumor tomou bastante força. Levando em conta que a linha Galaxy S ainda é a principal concorrente dos iPhones, parece-me perfeitamente possível que em breve tenhamos iPhones compatíveis com o Apple Pencil.

Já a ideia de iPhone enrolável, bem, essa eu acho que a Apple irá passar.

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Crónicas