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Uma opinião sobre a Ilha dinâmica no iPhone 14 Pro
Marcus Mendes

Uma opinião sobre a Ilha dinâmica no iPhone 14 Pro

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Pensa rápido: antes da Ilha dinâmica, qual foi a última grande mudança estética do iPhone que deu que falar por dias, semanas e, talvez, até vá por anos?

Se pensaste no notch do Face ID, estás certo. Ou, no mínimo, pensas igual a mim. Quando a Apple anunciou o notch – ou melhor, quando Guilherme Rambo encontrou o pictograma do iPhone com o notch, no sistema operativo do HomePod vazado acidentalmente pela própria Apple, o mercado de tecnologia pirou completamente. Quase que de imediato, uma ruptura dividiu o mundo da tecnologia em dois grandes grupos: os que achavam que não havia a menor possibilidade da Apple deixar o notch visível, escondendo-o com uma barra preta fixa no topo dos iPhones (como, ironicamente, é hoje em dia nos Macs), e os que achavam que a Apple iria, sim, apoiar-se no recorte do ecrã como um diferencial estético e funcional, por mais não-ortodoxo que isso pudesse parecer.

Nas semanas que se sucederam, ao melhor estilo Skub, do incomparável PBF Comics, comentaristas e entusiastas do mundo da tecnologia se degladiaram online em defesa ou em ataque às previsões de ocultar o notch, ou abraçar o notch.

A Apple, claro, abraçou o notch, dando início a anos de discussão a respeito da sua existência. Eu mesmo, como muitos sabem, sempre detestei o pequeno recorte que, ao meu ver, enfia-se inapropriadamente em interfaces (ou pior, em enquadramentos de fotos e vídeos), violando a integridade do conteúdo que ele próprio oculta. Mas sei que sou um voto vencido nessa briga, e que a maioria das pessoas genuinamente sequer lembra que o notch existe. A vocês, digo que tenho um pouco de inveja.

Pois bem. Na semana passada, a Apple conseguiu algo que parecia impossível: ela reescreveu a história. Se com o notch do iPhone X, a fuga de informação da sua existência (e sua posterior confirmação) deu origem a uma opinião polarizada que perdura até hoje, com a Ilha dinâmica do iPhone 14 Pro e Pro Max, a Apple conquistou exatamente o oposto: um anúncio realmente surpreendente – afinal, sabíamos apenas o aspecto do hardware, e não o comportamento do software – e uma reação positiva de rara unanimidade a respeito da solução técnica encontrada em resposta a uma deficiência técnica.

Tanto no caso do notch quanto no caso da Ilha dinâmica, essas são soluções que nasceram em resposta à deficiência técnica de esconder todos aqueles sensores sob o ecrã. A diferença, é que a Ilha dinâmica traz uma utilidade real anexa à sua existência, enquanto que o notch é apenas uma intervenção morta e não-responsiva no ecrã.

Nesta última semana, como bom neurótico que sou, vim a pensar muito sobre a hipótese de eu ter gostado da Ilha dinâmica ter sido fruto do facto da Apple ter conseguido manter a sua existência um absoluto segredo, dando-lhe a possibilidade de controlar 100% da forma como a sua existência foi anunciada e explicada. Por isso, eu esperei ansiosamente pelas reviews em especial de Marques Brownlee e Joanna Stern sobre os dispositivos, pois eles têm uma rara capacidade neste mundo em que o YouTube recompensa a polarização desmiolada: a capacidade de elogiar ou criticar algo com base em factos, de forma justa e sem motivações ocultas, como a de alimentar verdadeiramente o algoritmo do YouTube com a polarização, ao invés do interesse de quem consome ditos conteúdos. Mas divago. Facto é que tanto Brownlee quanto Stern, cada um ao seu modo, disseram que a Ilha dinâmica representa uma nova forma de interagir com os nossos aparelhos.

Mais do que isso, e devo dizer que esta já era a minha opinião mesmo antes de Marques Brownlee profetizá-la também, a Ilha dinâmica é algo que será copiado e reproduzido por todas as fabricantes de smartphones do mercado, assim como todos eles são até hoje, de certa forma, uma cópia do primeiro iPhone.

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Opinião