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Cmd+T (crónica): Mais uma tentativa (falhada) de renascer o iPad
Gonçalo Ribeiro

Cmd+T (crónica): Mais uma tentativa (falhada) de renascer o iPad

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Na passada terça-feira, a Apple convidou-nos a todos a "let loose" num evento que, desde a sua apresentação, era indiscutivelmente centrado à volta dos seus iPad, quer seja pela Apple Pencil no convite ou pelo deserto de iPad que vimos em 2023, sem uma única novidade de hardware nesta linha.

Toda a gente criou expectativas, como seria de esperar, mas estas muitas vezes foram controladas, já que daqui a sensivelmente 1 mês temos a WWDC, onde todos os anos esperamos que seja a grande revolução no iPadOS. Falo por mim, que acompanhei este evento da Apple à espera do mesmo arroz, ou, no mundo da Apple, muitos iPad iguais que correm Disney+. No fim, tivemos o mesmo de sempre: arroz.

Um Air já era confuso, dois então...

Na sua génese, o iPad Air era o topo de gama, leve, com um design mais cuidado e o processador mais potente; mas em 2019, a Apple decidiu que, no seu vocabulário, quando colocado a seguir à palavra iPad, a palavra Air significa gama média. A introdução do iPad Pro e a continuação do iPad, só iPad, na gama, colocou o Air numa posição esquisita, ainda para mais quando, em 2022, este ganha o poderoso processador M1, o mesmo que alimentava a maioria da gama de Mac na altura e uma geração do iPad Pro.

Em 2024, a Apple decidiu "simplificar" as coisas, então colocou um M2 no seu iPad Air e com isso achou que era uma boa ideia apresentar um novo tamanho. Até então, o iPad Air tinha 10.9" de ecrã, que agora passam a 11" (no marketing mas continuam 10.9" físicas), e adicionou um iPad Air de 13", o maior iPad Air de sempre. A questão é: Quem pediu?

A jogada aqui é clara: o MacBook Air de 15 polegadas, ao que parece, tem sido um sucesso de vendas, e a Apple quis oferecer à Geração Z o seu "MacBook Air" com tela sensível ao toque. Logo, assim nasce o iPad Air de 13 polegadas, que, quando utilizado com o Magic Keyboard da geração anterior, torna-se o perfeito "MacBook" com tela sensível ao toque.

O novo iPad Pro é só para alguns

Sobre os novos iPad Pro, a minha opinião é simples: 1300€ por um tablet de 11"? Não, obrigado.

Tudo o que o iPad Pro não precisava era do novo processador M4, tecnicamente 2 ecrãs OLED e uma redução na sua espessura. Estamos a falar de mudanças, não avanços. Estamos a falar de caprichos e não necessidades. Tudo o que estas novidades trouxeram foi um aumento no preço; em Portugal, falamos de quase mais 200€ no de 11" e 100€ no de 12.9", que agora é 13", face à geração anterior.

Estes tablets chegam a preços proibitivos. E como cada vez mais só faz sentido juntar um Magic Keyboard e um Apple Pencil, temos de adicionar mais umas centenas de euros no preço final. Ou seja, estamos a falar de preços ao nível de um MacBook Pro, na ordem dos 2000 euros para o iPad Pro de 13”. Assim, estes iPads podem ser os melhores de sempre, mas muito pouca gente, em primeiro lugar, vai sentir a necessidade de ter um e, em segundo lugar, vai conseguir ou querer pagar um.

Para além de pagar, o problema é escolher

O grande problema da gama iPad não foi resolvido: as opções de escolha. Obviamente, num mundo normal, muita escolha é sempre positiva, mas no caso do iPad não o é, já que existe muita sobreposição do que um iPad pode fazer nos diferentes níveis da linha. Antes, podíamos dizer que quem queria um iPad grande tinha o Pro de 13”, mas agora já nem isso. Há 3 iPads com o mesmo tamanho: o Pro de 11”, o Air de 11” e o iPad simples de 10.9”. E no fim temos o mini, para quem quer um iPad pequeno, mas quer pagar o mesmo que o Air, que é maior e tem um processador mais recente. Assim, a confusão não só ficou como se intensificou.

E como se só a linha iPad ser confusa fosse pouco, a Apple presenteou-nos com uma nova confusão: Apple Pencil. Existem 4, sim, quatro, Apple Pencils diferentes e sim, óbvio, todas têm compatibilidades diferentes com atuais e antigos iPads. Pensavam que o Apple Pencil Pro era o topo de gama? É. Achávamos nós, porque custa o mesmo que a Apple Pencil de 2ª geração e funciona não só com o iPad Pro, mas com os novos Air.

O futuro podia estar ao virar da esquina

Quero terminar dizendo que eu sou fã do form factor do iPad. Tenho 2: um Pro de 12.9 (2020) e um iPad mini (que eu adoro). Vivi entre 2016 e 2023 apenas com um iPad como computador principal. Ou seja, eu vejo o futuro, mas não nesta execução, em que todos os iPads são diferentes e iguais ao mesmo tempo. O hardware é de um MacBook, mas o software é de um iPod touch. Achei mesmo que 2023 tinha sido o Gap year do iPad para a linha voltar mais forte e renovada, mas tivemos apenas mais do mesmo. Neste momento, 6 ecrãs que correm o mesmo iPadOS e servem para ver Disney+.

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Crónicas