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"Dr. Brain": a minissérie sul-coreana que tem tanto de fascinante como de absurda (Crítica)
Daniel Pinto

"Dr. Brain": a minissérie sul-coreana que tem tanto de fascinante como de absurda (Crítica)

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A aposta dos serviços de streaming em conteúdos audiovisuais provenientes de países de língua não inglesa, tem contribuído para uma tendência que até agora praticamente não existia. Os filmes e séries sul-coreanos, como Squid Game, All of Us Are Dead, Hellbound ou Parasitas, têm estado na mira da crítica e dos espectadores e colecionado inúmeros prémios em cerimónias de renome, nos últimos anos.

A Apple TV+ não é diferente e segue de perto esta tendência, tendo já incluído no seu catálogo conteúdos oriundos de outras regiões do planeta. Teerão e Now & Then (podes acompanhar a análise desta última série aqui) são alguns desses conteúdos que os subscritores do serviço de streaming da Apple podem consumir. A 4 de novembro de 2021, estreou também Dr. Brain, uma série sul-coreana de seis episódios, realizada e produzida pelo cineasta visionário Kim Jee-woon (A Idade das Sombras, Eu Vi o Diabo).

Lee Sun-kyun (à direita) em “Dr. Brain” (Apple TV+)

Baseada no popular webtoon homónimo de Hongjacga, Dr. Brain é a primeira série em língua coreana a estrear no serviço de streaming Apple TV+. A série dramática de ficção científica segue o neurocientista Sewon (Lee Sun-kyun), que após sofrer uma tragédia pessoal e desesperado para descobrir o que realmente aconteceu, procura resolver o mistério através de várias sincronizações do seu cérebro com as memórias de pacientes em coma ou mortos (e até de um gato).

Por razões óbvias, este não é um processo infalível e deixa algumas marcas em Sewon. O protagonista começa a perder a noção de quais são as suas memórias e adquire algumas características das pessoas com quem se liga. À medida que executa uma nova sincronização, Sewon ganha novas capacidades que vão desde a coordenação motora de um felino até à inteligência emocional que lhe faltava desde a infância. É neste processo que a história progride e desenlaça, ainda que de uma forma deliberadamente ambígua.

Lee Jae-won e Lee Sun-kyun em “Dr. Brain” (Apple TV+)

Kim Jee-woon falha ao não conseguir entregar uma história com a consistência esperada. Kim é mais conhecido fora da Coreia do Sul por títulos como Medo (A Tale of Two Sisters) e Eu Vi o Diabo (ou ainda pelo filme de ação protagonizado por Arnold Schwarzenegger, O Último Desafio). Com Dr. Brain, o realizador parece não ter medo de esbarrar no ridículo e, prova disso, são as reviravoltas sucessivamente absurdas ou os procedimentos policiais mundanos e bizarros. A série arrasta-se um pouco, principalmente por se concentrar mais na resolução de crimes do que na sincronização cerebral. No entanto, Kim não esquece as imagens surreais que aparecem nas visões de Sewon e mostra-se capaz de navegar entre vários géneros, ao incluir cenas de ação emocionantes, como a perseguição num centro comercial ou momentos de luta corpo a corpo.

Lee Sun-kyun em “Dr. Brain” (Apple TV+)

Embora me tenha sentido perdido em alguns momentos do enredo, concluo que Dr. Brain é uma experiência esteticamente prazerosa e que, por exemplo, ao nível da fotografia, se encontra muito bem concebida. As imagens noturnas evocativas de Seul, geralmente à chuva, são um ponto positivo no decorrer dos seis episódios. A atmosfera criada para Dr. Brain é interessante e não foge do que tem sido oferecido por outras séries coreanas: um ambiente sombrio e pesado, mas com pausas que permitem ao espectador descontrair.

Nota: 7/10
Dr. Brain (Dr. 브레인 – Coreia do Sul, 4 de novembro de 2021)
Duração: 1ª temporada com seis episódios
Realização: Kim Jee-woon
Argumento: Kim Jee-woon, Kim Jin A, Lina Suh, Koh Young-Jae
Elenco: Lee Sun-kyun, Lee You-young, Park Hee-soon, Seo Ji-hye, June Yoon e Lee Jae-won.

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Críticas