Em viagem com o smart #3 - Autonomia sem medos

Em viagem com o smart #3 - Autonomia sem medos

Para o iFeed tanto um smart elétrico como até mesmo um smart #3 não são novidades, há uns tempos testámos a versão mais equipada e sensata do #3, a versão Premium, mas desta vez decidimos dar umas voltas com a versão de entrada que tem acesso à maior bateria. O smart #3 Pro+ encontra-se num nível de equipamento um pouco mais escasso, mas na mesma configuração de bateria e velocidades de carregamento do Premium. Por isso, neste ensaio focámo-nos no mito das viagens longas (especialmente em auto-estrada) com um veículo elétrico, e temos boas notícias.

smart #3 Pro+

  • Motor 1 motor elétrico
  • Potência 200 kW (272 cv)
  • Binário 343 Nm
  • Transmissão Traseira, Automática
  • Desempenho 5,8 s 0-100 km/h
  • Dimensões (CxLxA) 4.440 mm x 1.822 mm x 1.566 mm
  • Distância entre eixos 2.785 mm
  • Peso 1.810 kg
  • Mala 370 - 1160 L (Atrás) + 15 L (Frente)
  • Bateria 66 kWh (62 kWh úteis)
  • Carregamento AC 22 kW + DC 150 kW (10-80% em 30 min)
  • Consumo combinado 16,8 kWh/100 km
  • Autonomia WLTP 435 km
  • Autonomia Real 380 - 400 km
  • Preço da versão ensaiada 44.950

Equipamento base sem compromissos

Sempre elogiei todos os smart que me passaram pela mão porque a quantidade de equipamento de série em qualquer uma das versões é muito grande, mesmo neste Pro+ que perde algumas funcionalidades face à mais equipada Premium, mas nada que vá mudar drasticamente a vossa vida.

Podemos dizer que as grandes ausências que se fazem notar são a luz ambiente interior, o que agradeci porque a viajar à noite é mais confortável para os olhos e provavelmente a bomba de calor que com o tempo mais frio e a precisar de aquecer o habitáculo sentimos um maior golpe na autonomia. Fora isso, as diferenças são mínimas e em nada afetam a utilização no dia-a-dia.

Em viagem sem receios

Mas vamos ao que interessa. Desta vez decidimos levar o smart a passear e nada melhor que as vistas da ria de Aveiro para o fazer. Fizemos uma pequena roadtrip de Lisboa a Aveiro num total de 220 Km, o que num carro que anuncia 435 Km de autonomia sendo que na realidade são mais 400 Km na melhor das hipóteses, quase que dá para fazer ida e volta sem problemas, mas aqui optámos por ir pela A1, autoestrada, o grande inimigo dos carros elétricos.

A viagem começa com o #3 a anunciar 89% de bateria o que dava cerca de 330 Km de autonomia, outra vez, mais que suficiente para chegar a Aveiro. Contudo, escolhemos o dia em que estava aa chover torrencialmente, estavam cerca de 10ºC na rua e parte da A1 estava cortada e por isso tivemos de andar às voltinhas por estradinhas para fugir ao trânsito.

Ao início o pânico era palpável, mesmo não existindo nenhuma urgência para chegar a Aveiro, o importante era respeitar o limites e obviamente chegar em segurança, existia só a chatice de não querermos parar mais que 1 vez para carregar o carro com medo que a experiência de carregamento não fosse a ideal, mas já lá vamos.

Não vos vou fazer um diário de bordo de uma viagem em auto-estrada a cerca de 110Km/h, porque o resumo é, o smart #3 portou-se super bem. Aliás, se não existisse o medo de chegar a Aveiro e não ter carregadores a funcionar perto, teria chegado com cerca de 5% ao centro de Aveiro, tendo saindo de Lisboa com 89%. Mas para descansar a minha alma, parei na estação de serviço da Mealhada a dar um top-up-zinho no carro e em mim. E aqui começa a diversão sobre a realidade dos carregamentos. 

Carregar ainda é chato por causa dos carregadores

Já percebemos que um carro com autonomia de 400 Km (diria a média atual nos carros elétricos) é suficiente e confortável para nos aventurarmos por esse Portugal fora, mas carregadores ainda são o pequeno stress.

Sim, a rede de carregamento está muito melhor. Sim, os carregadores estão mais fiáveis e mais rápidos. Mas não, ainda não é tão simples como ir a uma bomba de gasolina e se calhar nem precisa de ser.

Na minha paragem na estação de serviço da Mealhada existiam cerca de 6 carregadores rápidos, entre os 150 kW e os 350 kW, sendo que o máximo que o smart #3 suporta é 150 kW, estamos bem até agora. Faço a manobra, estaciono, passo o cartão, pego no carregador rápido e nada. Repito o ritual de passar cartão e ligar o cabo 4 vezes, sem sucesso. Nisto todos os outros carregadores estavam ocupados e já existiam 3 carros à esperar para carregar. Lá consegui usar a minha ingenuidade e “eu já estava aqui e este não funciona” para conseguir ligar o carro a um carregador funcional. Acabou por funcionar? Acabou. Mas perdi cerca de 15 minutos, o suficiente para ter já o carro carregado com o suficiente. Entretanto foi o tempo de ir beber um café e esticar as pernas e já tinha autonomia mais que suficiente para voltar ao caminho confortável. Em 20min fui de 20% a 70% sem qualquer esforço.

No dia seguinte, quis experimentar carregadores rápidos mas na ordem dos 60 a 80 kW e tive de saltar entre 4 carregadores até que encontrasse um que funcionasse ou carregasse a mais que 10 kW. Finalmente lá encontrei um de 80 kW numa conhecida cadeia de hambúrgueres, onde mantive até aos 90% um carregamento estável nos 50 kW, ainda bastante abaixo dos 80 kW anunciados.

Com isto não se assustem, não é impossível ter um carro elétrico e carregar em viagem ou na rua, pelo contrário, é mais que possível, mas precisa de um pouco de habituação.

Software sempre a evoluir

Voltando ao smart em si. Nunca fui o maior defensor da linguagem visual do infoentretenimento da smart, mas a verdade é que à terceira foi de vez e estou mais que habituado e a verdade é que até gosto até certo ponto do toque mais leve e de brincadeira.

Principalmente porque o ecrã é responsivo e tirando os menus um pouco intuitivos às vezes, a verdade é que depois de nos habituarmos é tudo muito fácil. A melhor parte é que a smart tem atualizado o software regularmente não só melhorando a estabilidade e performance, mas trazendo novas funcionalidades como o modo regenerativo baixo da travagem que faz com que deixemos de conduzir aos soluços.

O melhor update de todos foi a introdução de um botão que facilmente nos permite definir uma data de configurações, como desligar os 40 mil sinais sonoros que o carro faz enquanto estamos a conduzir. O primeiro beep é engraçado, o trigésimo nono em 100 metros já é irritante, mas lá está, há um botão que configuramos com tudo o que queremos desligar e é só tocar neste botão sempre que ligamos o carro e já está, paz.

Prós

✅ Equipamento em falta no Pro+ não é crítico

✅ Autonomia capaz mesmo em auto-estrada

✅ Software em constante atualização e melhoria 

Contras

⛔️ Infoentretenimento é um hábito mas não é para todos

⛔️ Sistemas de ajuda à condução um pouco intrusivos e irritantes

⛔️ Não existem botões físicos, por isso ajustar o AC é um passo para ter o carro a dizer-nos para olharmos para a estrada

A ter em conta, mas já não é a escolha fácil

Continuo a achar que os smart são uma excelente aposta para quem procura um veículo elétrico com estas dimensões e autonomia, mas houve um ligeiro aumento de preços que deriva provavelmente do aumento das tarifas mas que vai ao contrário da tendência do mercado. Esta versão Pro+ está no mesmo valor que o Premium estava o ano passado.

Por isso, continuo a gostar imenso do que a smart está a fazer e mal posso esperar por ter nas mãos o novo smart #5, contudo se compararmos com o restante mercado e com a oferta crescente na concorrência começa a não ser uma escolha tão fácil assim. A autonomia, o design e o equipamento estão lá, mas o preço começa a fugir um pouco.