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smart #1 BRABUS (Review) - Diversão dos 0 aos 100
Gonçalo Ribeiro

smart #1 BRABUS (Review) - Diversão dos 0 aos 100

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Em 2019, a smart foi a primeira construtora a tornar-se 100% elétrica, passando a oferecer os smart fortwo e forfour exclusivamente movidos a eletricidade. Foi nesse mesmo ano que a Daimler (Mercedes) anunciou que a smart passaria a ser 50-50 deles e da gigante chinesa Geely, apresentando depois em 2021 o Concept #1, que deu origem em 2022 ao smart #1, que se lê “hashtag um/one”.

Andei uns dias ao volante da versão mais desportiva (e divertida) do carro que marcou uma nova era para a construtora. Longe vão os anos em que smart era sinónimo de micro carros de 2 lugares que se estacionam em todo o lado, agora a marca oferece SUV’s elétricos divertidos de conduzir e que se apresentam como uma pacote muito equilibrado e apetecível.

smart #1 BRABUS

  • Motor 2 motores eléctricos, um em cada eixo
  • Potência 315 kW (428 cv)
  • Binário 543 Nm
  • Transmissão Integral, Automática
  • Desempenho 3,9 s 0-100 km/h
  • Dimensões (CxLxA) 4.270 mm x 1.822 mm x 1.636 mm
  • Distância entre eixos 2.750 mm
  • Peso 1.820 kg
  • Mala 313 - 976 L (Atrás) + 15 L (Frente)
  • Bateria 66 kWh (62 kWh úteis)
  • Carregamento AC 22 kW + DC 150 kW (10-80% em 30 min)
  • Consumo combinado 18,2 kWh/100 km
  • Autonomia WLTP 400 km
  • Autonomia Real 370-390 km
  • Preço da versão ensaiada 48.450

O smart cresceu

Quando foi apresentado, o smart #1 era o maior smart de sempre da história da marca, só recentemente ultrapassado pelo seu irmão smart #3, tornando os seus 4,27 metros parecerem maiores do que são na realidade, pois este SUV crossover compacto continua a sentir-se mais em casa nas ruas de uma cidade. A parte mais engraçada dos meus dias com este smart foi reparar nas pessoas curiosas na rua que ficavam num misto de admiração e confusão ao verem o nome smart num SUV.

O design do #1 mostra bem as suas origens germânicas pelas mãos da Mercedes, já que esta foi responsável por tudo o que vemos, desde o exterior até ao interior, já que a parte técnica e tecnológica é assegurada pela chinesa Geely. Tantos os faróis à frente como atrás não escondem as influências dos modelos EQ da Mercedes, com ambos os grupos ópticos a serem decalcados (e na minha opinião: melhorados) dos modelos Mercedes.

Por dentro do smart #1 tudo emana qualidade de construção e de materiais, ainda mais nesta versão BRABUS onde os apontamentos de camurça no volante e bancos elevam o ambiente a bordo, em cima disso todos os materiais e plásticos em que as nossas mãos tocam são de uma qualidade inigualável.

Quanto à habitabilidade, temos 5 lugares espaçosos em todas as direções, especialmente em altura pois o Halo Roof (teto de vidro panorâmico) de série em todas as versões dá a impressão que a altura interior tem como limite o céu. O único ponto menos positivo e mantendo a tradição dos smart, é que ambas as malas tem valores muito abaixo da concorrência. Com 313 litros base de capacidade, a mala do smart #1 é pequena, podendo ainda ser aumentada um pouco ao chegar os bancos traseiros para a frente, uma funcionalidade inesperada mas bem-vinda.

Diversão é a palavra de ordem

A juntar ao motor de 272 cv no eixo traseiro que equipa todas as versões do smart #1, esta versão BRABUS adiciona um segundo motor ao eixo dianteiro de 156 cv, para uma potência combinada de 428 cv, que como seria de imaginar tornam este aparente SUV familiar num hop hatch destruidor de retas. Como em todos os elétricos, a potência é instantânea e neste smart #1 ao ativarmos o modo de condução BRABUS e ao pisar o acelerador somos simplesmente catapultados para a frente. O binário de 543 Nm e a tração às quatro rodas deixam-nos bem colados ao chão, passando uma boa sensação de segurança e controlo.

Sempre que conduzi este carro ficava com um sorriso na cara, em qualquer um dos modos de condução (Eco, Comfort, Sport e BRABUS), já que nada esconde a potência avassaladora destes 2 motores.

Contudo, e como a vida não é só andar em frente a acelerar dentro dos limites de velocidade, existem dois pontos na condução do smart #1 BRABUS que deixam a desejar. Primeiro não existe nenhuma mudança dinâmica face às outras versões, por isso sempre que fazemos uma curva mais rápida sentimos os 1.800 kg deste SUV a balançarem de um lado para o outro. Em segundo por muito interessante que seja a capacidade de travagem regenerativa de um veículo elétrico, neste #1 só existem as configurações Médio e Alto, que ambas numa condução mais citadina se sentem como muito alto, fazendo com que sempre que tiramos o pé do acelerador sentimos muito os motores a travarem.

Ambos os pontos contribuem para uma condução aos soluços, o que não é ideal para pessoas mais sensíveis onde não queremos que apresentem o interior do seu estômago aos lindos estofos em camurça.

Bateria suficiente para a selva urbana

Nesta versão BRABUS a marca anuncia um ciclo misto WLTP de 400 km e para meu espanto a autonomia real não difere muito. Estamos a falar de 62 kWh úteis que tem de alimentar dois motores, tração às 4 rodas e puxar cerca de 1.800 kg de carro, isto tudo numa carroçaria SUV com uma certa altura ao solo. Estas condições para vos dizer que é uma receita para o desastre, mas o smart #1 consegue manter uma boa média de consumos, a rondar os 17 kWh /100 km, e oferecer uma autonomia real a rondar os 370 km, o que é mais que suficiente para enfrentar a selva urbana e nos aventurar-mos em viagens mais longas sempre que for o caso.

Autonomia também nunca foi tema de ansiedade porque o smart #1 está equipado com óptimas soluções de carregamento. Com 22 kW em AC (carregadores normais) conseguimos no dia a dia recuperar alguma autonomia sem esforço e os 150 kW em DC (carregadores rápidos) são mais que suficientes para ir dos 10 aos 80% em 30 minutos, ou no meu caso prático ao utilizar um carregador de 50 kW fui dos 50 aos 90% em cerca de 35 minutos. Boas soluções de carregamento reduzem em muito o medo de não ter autonomia, pois o que são 35 minutos na pausa para o café da auto-estrada ou na ida ao supermercado.

Apple CarPlay tardou a chegar

Neste renascer, a smart quis apostar em tecnologia e com isso apresentar o seu próprio sistema operativo (como todas as marcas) e dar-lhe o seu “quê” de diferente, contudo esse “quê” foi longe de mais e durante os primeiros tempos de mercado do smart #1 não eram suportados o Apple CarPlay ou Android Auto.

O infoentretenimento do smart #1 é bastante completo e por causa disso é bastante confuso, não falo só dos gráficos infanto-juvenis saídos do canal Panda que qualquer condutor acima dos 18 anos não vai achar piada, mas também da sua complexidade de utilização. Existem inúmeros menus diferentes, todos para coisas diferentes e coisas iguais, é possível aceder às mesmas configurações através de sítios completamente diferentes e funcionalidades básicas estão escondidas atrás de 2 ou 3 toques no ecrã. A juntar a isto tudo, a navegação nativa é confusa, não apresenta indicações claras e decide arbitrariamente a que momentos quer apresentar informações como ETA ou próximas manobras.

Mas nem tudo são notícias menos boas, no início deste ano, finalmente e felizmente, a smart percebeu que tinha de incluir integração ao Apple CarPlay e Android Auto e ao menos escolheu a melhor forma de o fazer, com todo o ecrã em todo o seu esplendor. Assim que ligamos um iPhone e configuramos o CarPlay, o ecrã central fica todo por este ocupado, deixando-nos fugir, por momentos, do mundo do Pocoyo automobilístico.

Prós e contras do smart #1 BRABUS

Prós

✅ Os 428 cv deixam-nos sempre com um sorriso na cara

✅ Qualidade dos materiais e equipamento de série

✅ Carregamento AC de 22 kW

Contras

⛔️ Infoentretenimento completo mas confuso

⛔️ Travagem regenerativa demasiado agressiva

⛔️ Mala pequena mantém a tradição dos smart

Será a escolha certa?

Quando é que posso comprar um? É para mim a questão. Sempre que me sentava ao volante do #1 ficava com um sorriso na cara, pois esta nova smart arranca em força com uma proposta muito equilibrada e positiva. Apesar de existirem pontos menos positivos estes são facilmente ultrapassados pelos pontos positivos. Neste momento para mim a smart tem das opções qualidade-equipamento-preço mais atrativas do mercado, traz um pouco daquela diversão perdida aos carros e antevejo um sentimento de “escolha certa” na hora da decisão.

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Reviews Carros Elétricos