15 anos de MacBook Air

15 anos de MacBook Air

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Estávamos no início do ano de 2008, em plena Macworld, na cidade americana de São Francisco. Steve Jobs entra em palco, e, de chofre, solta a frase "There's something in the Air"... E, realmente, havia algo no ar, algo que perdura até aos dias de hoje. Mas já lá vamos.

Após quase uma hora de palestra, Jobs dá início à apresentação da quarta novidade do dia. Começa, como não podia deixar de ser, por colocar na mente da plateia as especificações do concorrente mais próximo ao equipamento que estava prestes a anunciar, de forma a aumentar o fator surpresa do público. E, na verdade, conseguiu. Minutos mais tarde, eis que sai de um normal envelope algo inesperado: um computador portátil. Mas não era um computador portátil qualquer: era o MacBook Air, o portátil mais fino do mundo.

O MacBook Air foi completamente revolucionário. O mundo nunca tinha conhecido nada assim, e na verdade continuou sem conhecer durante muito tempo. Esta magnífica obra prima pesava pouco maos de 1 Kg e media de espessura menos de 2 cm, no seu ponto mais alto, e apenas 0,4 cm, na zona mais fina. Isto é notável, principalmente tendo em conta de que corria o ano de 2008, ou seja, a maioria do desenvolvimento deste produto deverá ter ocorrido durante 2007.

Além do design fino e elegante e da excelente construção em alumínio, o MacBook Air contava com um ecrã LED panorâmico de 13,3 polegadas com webcam integrada, e um teclado de tamanho total e retroiluminado, algo que o distinguia da concorrência, pois, à altura, a maioria dos fabricantes que construíam portáteis pequenos tinham, obrigatoriamente, que reduzir ao tamanho do teclado. Contrariamente, a Apple aplicou toda a engenharia que tinha ao seu dispôr para que isto não acontecesse no seu produto.

A verdade é que o MacBook Air original era um regalo para os olhos, uma autêntica peça de arte. O seu aspeto não passava despercebido a ninguém, onde quer que estivesse, e ainda hoje, 15 anos depois, mantém um nível de atualidade invejável, como se nunca tivesse envelhecido. No entanto, quem vê caras não vê corações, e se por fora pouco ou nada se podia apontar a esta máquina, por dentro o tempo acabou por revelar que as coisas eram um pouco diferentes...

As ligações do MacBook Air estavam ocultas numa gaveta dedicada.

O MacBook Air poderia ser equipado com processadores Intel Core 2 Duo a 1,6 ou 1,8 GHz, e apenas 2 GB de memória RAM. Ora, convenhamos que estas especificações não enchiam a vista a ninguém, mesmo considerando a data em questão... Os processadores utilizados eram de baixa voltagem (como não poderiam deixar de ser, dada a natureza deste equipamento) logo a performance ficava aquém das expetativas... Além disso, o pouco espaço para respirar que existia, fruto da espessura diminuta, rapidamente começou a gerar constrangimentos a nível térmico... Os 2 GB de memória RAM também não ajudavam muito, no entanto a pior escolha recaiu mesmo sobre a unidade de disco rígido de 80 GB, mas com apenas 1,8 polegadas de tamanho... Ora, estes pequenos discos mecânicos (que equipavam também iPods da época) podiam não ser conhecidos pela sua fiabilidade, mas menos o eram pela sua velocidade... Resultado: o MacBook Air lutava constantemente para oferecer um desempenho aceitável aos seus utilizadores. Felizmente, a Apple oferecia como alternativa um SSD de (apenas!) 64 GB, o que melhorava ligeiramente o cenário, mas fazia aumentar o preço para valores ainda mais astronómicos do que os pedidos pela máquina na sua vertente mais básica.

E, já que estamos a falar de preço, o MacBook Air começava nos $1799 (1660€) para a versão básica, com o upgrade para o processador de 1,8 GHz e o SSD de 64 GB a fazer este valor crescer para os $3098 (2860€)!!!

Os valores em euros são resultado da conversão à taxa atual, mas nem vamos ajustar os preços originais de 2008 à inflação, para ninguém se assustar... O que queremos concluir daqui era que o MacBook Air, para o bem ou para o mal, representava o pináculo da tecnologia do seu tempo, e fazia-se pagar por isso.

Podiamos fazer referência às cinco horas de autonomia, à presença de wi-fi 802.11n, porta MagSafe para carregamento, ausência de drive ótica, mas essa parte da história já conhecemos, pois foi sendo repetida (e em certos aspetos melhorada) nas gerações seguintes deste computador.

Atualmente, o MacBook Air vai no seu quarto design diferente, e é dos computadores mais vendidos em todo o mundo. A geração atual em pouco ou nada se parece com aquela que celebra hoje o seu aniversário, mas é a ela que deve todo o seu ser. Se, há 15 anos, a Apple não ousasse inovar e ultrapassar todos os limites, enveredando por um futuro desconhecido e inexplorado, eu hoje não estaria a redigir este texto no meu Air com Apple Silicon. Por isso, penso que falo por todos os fãs da maçã trincada ao dizer: obrigado Apple, por esta magnífica criação.

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