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A Apple precisa de corrigir o embaraçoso limite de 5 GB grátis do iCloud!
Pedro Alves

A Apple precisa de corrigir o embaraçoso limite de 5 GB grátis do iCloud!

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Longe vão os tempos em que um smartphone com armazenamento interno de 8 GB era considerado um luxo. Nessa altura, tal capacidade era suficiente para tudo e mais alguma coisa, permitindo uma utilização abastada e despreocupada. Para esse fator em muito contribuía o diminuto tamanho que fotos e vídeos ocupavam nos nossos smartphones, assim como as próprias aplicações.

Enquanto meia dúzia de megabytes chegavam e sobravam para albergar uns vídeos e algumas dezenas de fotos, as plataformas de armazenamento na nuvem não precisavam de oferecer muito espaço aos seus utilizadores. Exemplo disso é o iCloud.

Quando o iCloud foi oficialmente disponibilizado, nos últimos meses de 2011, estava a reinar o iPhone 4S. Este equipamento surgiu com capacidades de 16 e 32 GB, e posteriormente 8 GB apenas. Por essa data justificava-se a decisão da Apple de atribuir 5 GB a cada utilizador com conta Apple. Contudo, o tempo passou, e os iPhones (assim como outros dispositivos) foram, naturalmente, sofrendo uma adaptação à realidade. O armazenamento base dos smartphones da Apple nunca parou de aumentar, estando atualmente nos 128 GB (com exceção do iPhone SE 2022). Porém, inexplicavelmente, a capacidade gratuita do iCloud ficou parada no tempo durante os últimos doze anos. Porquê???

Na verdade, a única razão que me ocorre é a mais óbvia: para obrigar os utilizadores a contratarem planos pagos. Vamos fazer contas: segundo a informação que consta no menu das opções da câmara do meu iPhone, um minuto de vídeo em 4K a 60 fps ocupa, aproximadamente, 400 MB; se diminuir a taxa de frames para os 30 fps, este número desce para 350 MB; ora, assim sendo, o iCloud apenas é capaz de albergar atualmente entre 10 a 15 minutos de filmagens. Onde é que isso faz sentido? Se juntarmos parcelas como fotografias em resoluções cada vez mais elevadas, jogos de alta qualidade e vários GB, mensagens com anexos sem fim, os 5 GB do iCloud transformam-se num recipiente para líquidos semelhante aos do aeroporto: não cabe nada lá dentro.

Bored in lockdown so decided to make myself a new workspace out of scaffolding boards!

Tenho a certeza que a esmagadora maioria dos leitores que estão neste momento a absorver este texto já se depararam com esta questão, nem que tenha sido só uma vez na vida. Sei de casos de pessoas que simplesmente começaram a fazer cópias de segurança físicas nos seus computadores, abdicando simplesmente do iCloud, e recusando-se a pagar por mais armazenamento, o que é legítimo. A Apple já se faz pagar bem pelos iPhones.

O armazenamento gratuito do iCloud deveria ter sido aumentado ao longo do tempo, mais que não fosse para acompanhar o mercado, na figura da concorrência: a Google oferece 15 GB gratuitos no seu Drive (o que também não é nada de especial, diga-se de passagem). Mas isso não aconteceu.

Felizmente, os utilizadores dispõem atualmente de várias alternativas de armazenamento na nuvem, gratuitas e pagas, que conseguem colmatar o espaço diminuto da plataforma da maçã. Uma pesquisa rápida aqui pelo iFeed vai revelar isso mesmo. Contudo, a praticidade do iCloud e a sua integração nativa com os sistemas operativos da Apple não tem rival, e a empresa sabe disso: por isso é que faz o que faz.

Os serviços são atualmente uma fonte de receita muito importante para as empresas tecnológicas, e tudo o que for gratuito tem a tendência para travar este encaixe financeiro. Com isso em mente, mas também com a passividade dos consumidores, não antevejo que a Apple vá levar a cabo qualquer mudança neste aspeto específico do iCloud. Vamos ter de continuar a gerir ao milímetro uns míseros 5 GB, ou então sujeitar-nos a ver sair mensalmente mais uns euros das nossas contas bancárias. E desenganem-se os defensores desta prática: o que para nós pode ser pouco dinheiro, quando diluído na imensidão de despesas obrigatórias que todos pagamos, para a Apple é um encaixe multimilionário constante. É caso para dizer que "grão a grão enche a galinha o papo" ou, neste caso, GB a GB enche a Apple os cofres.

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Opinião