Apagão: sem rede, percebemos como seria útil ter rádio FM no iPhone

Apagão: sem rede, percebemos como seria útil ter rádio FM no iPhone

28 de abril de 2025 é um dia que ninguém quer lembrar. Em Portugal e Espanha, viveram-se horas de grande inquietação. Um acontecimento grave, inédito e inesperado assolou os dois países e deixou milhões de pessoas sem eletricidade e acesso à Internet.

Por cá, a falha de energia originou a evacuação de edifícios, o desligamento da sinalização luminosa e uma grande instabilidade nas redes de comunicações. A nossa rotina diária alterou-se e apercebemo-nos do quão dependentes estamos dos dispositivos eletrónicos.

Porém, houve outra coisa que ontem me saltou à vista. Embora haja cada vez menos smartphones Android com recetor FM, ainda existem muitos que incorporam esta tecnologia e que vêm com ela ativada de fábrica, permitindo aos utilizadores ouvir as estações de rádio tradicionais.

No entanto, no caso do iPhone, esta é uma batalha de longa data, pois a Associação das Emissoras Norte-Americanas já tentou alterar este cenário, exigindo à Apple que ativasse o recetor FM nos iPhones. A resposta da empresa de Cupertino não tardou, tendo afirmado que os seus dispositivos não incluem chips de rádio FM nem antenas capazes de captar sinais FM. Isto significa que, mesmo que quisesse, a empresa não pode simplesmente ativar algo que, segundo a mesma, não existe no hardware.

Sem eletricidade, rede móvel e acesso ao Wi-Fi, a única forma de perceber o que se estava a passar era perguntar às pessoas na rua, ouvir a rádio no carro (ou um rádio a pilhas) ou recorrer a um smartphone compatível com rádio FM e a auriculares.

O rádio FM não é apenas uma forma de entretenimento. É, sobretudo, um canal de comunicação, essencial em situações de emergência. Quando tudo o resto falha, as ondas de rádio continuam a chegar. Um pequeno rádio a pilhas pode fazer toda a diferença entre o pânico e a informação. E sim, há aplicações de rádio para smartphone, mas são inúteis sem acesso à Internet.

O episódio de ontem devia servir como alerta para as marcas, para os reguladores e para nós, consumidores. A tecnologia existe para nos servir, não o contrário. E, por mais avançada que seja, continua a ser frágil e a depender de uma infraestrutura complexa e vulnerável. Já o rádio FM é mais simples e fiável.

Se esta opção existisse no iPhone, muitos utilizadores teriam conseguido ouvir as notícias na rádio tradicional durante o dia de ontem. Saberiam o que foi dito pelo Governo e estariam a par das informações oficiais; lembrar-se-iam de que as fichas de aparelhos não essenciais deveriam ser retiradas das tomadas, para evitar sobrecargas; saberiam o que fazer para poupar ao máximo a bateria do telefone.

Felizmente, o apagão não durou mais do que algumas horas. Mas a lição que nos deixa deve perdurar no tempo.