As respostas às tuas questões sobre a app STAYAWAY COVID

As respostas às tuas questões sobre a app STAYAWAY COVID

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O problema é geral. A aplicação é recente. As questões são muitas. A STAYAWAY COVID é a aplicação portuguesa que veio tentar reduzir o número de cadeias de transmissão do vírus que nos trocou as voltas à vida, nos últimos tempos. Sendo importante, não só pôr a limpo todas as tuas questões sobre o assunto, mas também contribuir para que cada vez mais pessoas tenham a aplicação instalada no seu smartphone, estivemos à conversa com Francisco Maia, um dos responsáveis pelo desenvolvimento da aplicação.

Quem esteve envolvido no desenvolvimento desta app?

O INESC TEC (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência), a Keyruptive, o ISPUP (Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto) que tem a parte do consórcio da parte médica e epidemiológica, e a UBiRider, que ajudou na parte de desenho da interface da aplicação.

Como funciona a STAYAWAY COVID?

O desenho geral da aplicação é o seguinte: cada telefone com a app instalada está continuamente a difundir e a receber números aleatórios dos telefones na sua proximidade. A cada 10 minutos esse número é atualizado, e é gerado um novo número aleatório, que cada um vai difundindo na sua proximidade. Todos os outros "escutam" esse número, com a medição da intensidade do sinal, de quanto tempo é que vi o número, etc e registam isso localmente.

Posteriormente, se uma pessoa recebe um teste positivo tem acesso a um código que só os médicos podem dar - um código de 12 algarismos - e que a pessoa pode introduzir na aplicação. Quando coloca o código na aplicação há uma partilha dos números que esse dispositivo difundiu nos últimos 14 dias com um servidor central, que está alojado na Casa da Moeda. Ou seja, não partilha as observações que fez, só aquelas que difundiu. Os outros (dispositivos) consultam este servidor central, que é público, fazem download dos números aleatórios correspondentes às pessoas infetadas e fazem localmente uma comparação. Eu (dispositivo) vi aquele identificador? Sim. Vi com uma determinada proximidade e com tempo suficiente que significa um contacto de risco? Sim. Então alerto o utilizador a dizer: atenção teve um contacto de risco.

Como estes estes números aleatórios não têm nenhuma ligação ao dispositivo da pessoa, ao seu número de telemóvel ou ao seu email, não existe nenhum dado pessoal aqui - tudo é anónimo. A pessoa sabe que teve em contacto com alguém infetado mas não sabem com quem nem quando. Apenas que foi nos últimos dias.

A pessoa infetada tem que colocar esse código a app?

Sim, mas a app não sabe quem é aquela pessoa. Todos os passos são voluntários e dependem da escolha da pessoa. A pessoa pode escolher ou não instalar, pode escolher ou não ter a aplicação ativa e introduzir o código para partilhar os números que andou a difundir. Se ninguém introduzisse o tal código para partilhar os números difundidos, nunca existiriam alertas.

O funcionamento da aplicação é baseado na API da Apple e da Google?

Esta troca de números aleatórios é feita por Bluetooth e o Bluetooth não foi feito para estas coisas, ou seja, não foi feito para medir distâncias. E portanto, se fizéssemos isto de uma forma tradicional, usando o Bluetooth como qualquer outra aplicação do nosso telefone, isto ia ter dois problemas: 1. Não seria possível funcionar em segundo plano sempre e 2. Iria ter um impacto na gestão da bateria terrível. Então o que é que a Apple e o Google fizeram? Implementaram no sistema operativo um modo especial para fazer este processo de troca de identificadores. É isto que a API Apple e Google faz. Depois, o cálculo de risco é feito pela aplicação.

E quanto ao anúncio da Apple de que com iOS 13.7 não seria necessária uma aplicação de terceiros para rastrear contactos de risco?

Isso não é uma substituição da aplicação de terceiros mas sim para permitir que sem uma aplicação eu possa ligar o mecanismo de troca de números. Mas se o fizer sozinho eu nunca vou ter alertas nem nunca vou poder comunicar que estou infetado. Ele não faz isso sozinho; é preciso sempre uma ligação à entidade de saúde do país porque senão eu nunca terei acesso aos códigos nem poderei partilhar os meus.

Então, porque surge esta nova função? Porque, sobretudo nos Estados Unidos, alguns estados não estavam com capacidade de implementar uma aplicação própria e, portanto, isto foi uma resposta da Apple para os tentar ajudar. Em Portugal, para já vai ser sempre necessária a STAYAWAY COVID, mas estamos em contacto com a Apple para perceber se no futuro poderá haver uma coexistência das duas ou evolução para algo diferente. Mas neste momento, em Portugal, sem a aplicação não é possível receber notificações ou informar que se está infetado.

Uma vez que a STAYAWAY COVID depende destas API para funcionar, e visto que esta atualização não chegou a todos os modelos de smartphones, houve uma redução no leque de dispositivos compatíveis com a app?

A forma como estas APIs foram implementadas foi diferente na Apple e Google. A Apple fez um update ao sistema operativo. Portanto, apenas a partir do iOS 13.5 existe esse componente, significando que todos os telefones do iPhone 6S para baixo não são compatíveis. No Android, uma vez que estes, tipicamente não fazem updates, a opção passou por implementarem a API como um update aos serviços Google e, assim sendo, é compatível com Marshmallow e superiores, ou seja 85% dos dispositivos.

Funciona no estrangeiro?

Ainda não, mas essa foi outra das razões pela qual a escolha da API Apple e Google é importante: a interoperabilidade. Todos os países que pertencem ao consórcio europeu DP3T estão a trabalhar num esquema de interoperabilidade precisamente para permitir isso. Na verdade, as aplicações já comunicam entre si, mas ainda não é possível descarregar a informação dos infetados dos outros países para que possamos ser notificados. Essa integração ainda está a ser desenvolvida.

A percepção pública é de que a aplicação demorou muito tempo a realmente estar disponível para download. Qual o motivo desta demora?

Na verdade, em termos globais fomos dos primeiros países a ter esta aplicação. Percebo que, por ter sido muito noticiado, as pessoas tenham ficado com a sensação de esta nunca mais ficava disponível, mas do ponto de vista de uma aplicação móvel qualquer, é pouquíssimo tempo para o seu desenvolvimento. Ainda assim, há outra questão que de certa forma atrasa o processo. Esta app foi feita e esteve a ser preparada em paralelo à avaliação de impacto da proteção de dados com a Comissão Nacional de Proteção de Dados, CNPD e com o Centro Nacional de Cibersegurança, CNCS. Portanto, tudo isto demora tempo a articular e a montar. Se forem ao site vêm que a nossa avaliação de impacto é um documento extenso e que mostra que todos os pormenores da aplicação foram alvo de avaliação e escrutínio. Além disso, inicialmente a aplicação foi feita sem as APIs da Google e da Apple e depois foi refeita para integrar essas API’s - tudo isso são passos que demoram.

Alguns utilizadores de iOS receberam uma notificação sobre a ocorrência ou não de possíveis contactos com infetados com COVID. É um recurso da aplicação?

Não, na verdade essa notificação não é da STAYAWAY mas sim do próprio sistema operativo. Tem a ver com a tal API da Apple e eles ainda estão a afinar essa função. Até porque essa mensagem está a causar alguma confusão. Algumas pessoas receberam algo como: “As notificações de exposição partilharam com a STAYAWAY COVID dois possíveis contactos”. Ora, isto deixa imediatamente as pessoas em pânico mas, o que é importante perceber é que esta mensagem não tem a ver com contactos de risco, e sim com possíveis contactos que a API partilha. No final, é a STAYWAY COVID que faz o cálculo de risco e, por isso, devemos é estar atentos ao ecrã da aplicação. As notificações que a STAYAWAY COVID envia são simplesmente a avisar se desligamos muito tempo o Bluetooth ou sobre alguma coisa que impeça a aplicação de funcionar, e depois no caso de passar de verde a amarelo também se recebe uma notificação. A aplicação procura ser o mínimo intrusiva possível.

O que significa passar de verde a amarelo?

Quando existe um contacto de risco detetado, ou seja, eu fui ao servidor central, fiz download e a aplicação viu que houve um contacto de risco (que para o caso é eu ter estado a menos de 2 metros durante mais de 15 minutos com alguém infetado) a app passa amarelo e diz “atenção foi detetado um contacto de risco, por favor contacte a linha ….”.

Em termos de bateria, estando sempre “ligada”, a app gasta muito?

Segundo os nossos testes, não. Mas quem nunca tinha o Bluetooth ligado e os serviços de localização, sobretudo no Android, poderá notar um impacto grande ao nível da bateria.

Qual é a vantagem de utilizar esta aplicação e de que forma é que é seguro?

A STAYAWAY COVID é uma ferramenta importante numa visão 360 de combate à pandemia. Esta aplicação, apesar de não resolver nenhum problema e de não ser esta app que nos vai proteger de apanhar o vírus, é uma aplicação que nos pode alertar para contactos de risco que tivemos sem nunca nos termos apercebido disso. Como sabem, neste momento uma das principais tarefas das autoridades de saúde é o chamado rastreio de contactos. Quando alguém é infetado é preciso perceber com quem é que essa pessoa esteve nos últimos dias e contactar todos esses, numa tentativa de encontrar a cadeia de transmissão e a contê-la. Mas isto é feito por telefone, demora imensas horas e é falível porque não nos lembramos de todas as pessoas com quem estivemos. Esta aplicação vem tornar mais eficaz e mais rápido a deteção destas cadeias de transmissão. Se eu receber um alerta da aplicação e nunca fui contactado pelos serviços de saúde, significa que mais rapidamente posso ser identificado como parte de uma cadeia para ajudar a interromper a esse contágio e permite-me ter acesso mais rápido a ajuda.

Em relação à segurança, é importante sublinhar que esta aplicação não tem nenhum tipo de dados pessoais no seu sistema. Nem sequer a geração de códigos está ligado ao nome da pessoa infetada. Não existe nenhuma relação entre a STAYAWAY COVID e a identificação das pessoas.

Quantos portugueses já descarregaram a app?

Estamos atualmente nos 800 e tal mil downloads (iOS e Android).

E porquê a escolha por um nome em inglês?

Não foi intencional. Este foi um nome que estávamos a usar internamente, nome de código de equipa. Mas depois começou a ser muito utilizado nos media ainda na altura em que tudo isto era um projeto e, acabou por tomar uma dimensão tal que já não fazia muito sentido voltar atrás. Só iria haver mais confusão, até porque havia na época várias empresas, tecnologias e projetos a trabalhar em soluções similares. Portanto, para não confundir, manteve-se o nome inicial.

Alguma informação extra que considere importante referir?

Um dos pontos importantes é que o código está público e existe informação sobre a aplicação e de como ela funciona. Além disso, a equipa está disponível para esclarecer todas as questões. Há um email (stayaway@inesctec.pt) para onde podem enviar pedidos de ajuda técnica ou perguntas sobre o funcionamento. O site tem também um conjunto de perguntas frequentes que tocam muitos dos pontos que falámos aqui e outros que têm surgido frequentemente.

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