O MagSafe é cool, né?
Marcus Mendes

O MagSafe é cool, né?

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Por mais que estejamos a ver matérias e produtos a envolver a nova encarnação do MagSafe, desta vez como um sistema de ímans na traseira do iPhone para acomodar acessórios, acho que o real potencial dessa novidade ainda não foi muito explorado ou compreendido.

É claro que já é muito cool poder aproximar uma capinha, porta-cartão de crédito ou carregador e… pá! O acessório conecta-se magneticamente ao telefone, mas o que o MagSafe irá permitir vai muito além do que estamos a ver agora. E digo isso não apenas para o iPhone, mas para todo o universo de acessórios de dispositivos móveis que passará a existir.

É bem verdade que o MagSafe não é uma invenção absolutamente revolucionária da Apple. Longe disso. Quem acompanha a Motorola sabe quanto tempo ela passou a investir nos Moto Mods (também conhecidos como Moto Snaps), que seguiam basicamente a mesma ideia: uma série de acessórios que se encaixavam nas costas do telefone para passar a oferecer mais qualidade de som, ou uma câmara mais bacana, ou mais bateria, etc.

Aliás, se eu fosse engenheiro da Motorola, estaria meio chateado neste momento. Estaria a gritar aos quatro ventos “Chiça, eu passei TANTO tempo a tentar mostrar-vos como esta ideia era porreira, mas só agora que a Apple resolveu fazer igual, é que vocês viram vantagem?”

Infelizmente, para este hipotético Marcus Mendes engenheiro da Motorola, a resposta seria: sim.

Existe uma frase meio cansada no mundo da tecnologia que postula que “a Apple dita tendências”. É clichê, mas é inevitável dizer que também é verdade. Os fones brancos, hoje lugar-comum no nosso dia a dia, só passaram a ser cool com o sucesso do iPod. O iMac G3, com as suas cores e materiais transparentes, reverbera até hoje no mundo do design industrial. O aspirador de pó aqui de casa, por exemplo, é azul e semi-transparente, e tenho a certeza que ele não seria assim se Steve Jobs não tivesse dado o ok para que Jony Ive  seguisse com a ideia do iMac G3 em 1998.

O que dizer, então, da remoção da entrada de 3,5mm para fones de ouvido, que em grande parte foi adotada em tempo recorde pelo resto do mercado. O mesmo caso do notch no ecrã e, em breve, o mesmo caso da falta de fones e adaptadores de corrente nas caixas dos telefones.

Então é verdade: a Motorola tentou, antes dela muitos outros fabricantes também tentaram, mas agora que a Apple resolveu adotar o MagSafe para os iPhones, este tipo de acessório não tardará para se tornar tão corriqueiro no mercado mobile quanto os AirPods e seus congéneres.

O que nos traz de volta ao assunto do universo de possibilidades que acaba de ser aberto. Esquece o carregador magnético, a carteira magnética ou a capinha magnética. Pensa, por exemplo, num sistema de lentes que possa ser acoplado à traseira do iPhone para passar a oferecer fotografia macro ainda mais eficiente, um zoom óptico ainda maior ou fotos com um ângulo de visão ainda mais amplo. Pensa, por exemplo, num tripé ou monopé com um íman forte o suficiente para permitir capturas de imagem em desportos de aventura, concertos e afins.

Pensa, lá para a frente, quando essa tecnologia tiver evoluído o suficiente para também permitir a transmissão de dados. Neste caso, o rumor de que no futuro o iPhone não vai ter mais a entrada Lightning começa a fazer bem mais sentido.

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