AirPods foram usados para descobrir um caso de... infidelidade

Estaremos perante um recurso útil ou uma perseguição facilitada pelos tempos modernos?

24 de Mai de 2023
AirPods foram usados para descobrir um caso de... infidelidade

O estado atingido pela tecnologia atual permite que, sem grandes complicações, consigamos localizar de forma remota praticamente qualquer dispositivo eletrónico. A proliferação do GPS e a interação entre equipamentos abriu a porta a um sem fim de possibilidades, umas mais lícitas do que outras...

O caso que hoje vamos dar a conhecer é um exemplo disto mesmo. Ora, como todos os utilizadores Apple minimamente informados devem saber, qualquer dispositivo compatível no qual colocarmos a nossa conta iCloud, ou emparelhemos por bluetooth com o nosso iPhone, como por exemplo uns AirPods, fica automaticamente integrado na nossa rede Encontrar. Assim, basta uma consulta à aplicação com o mesmo nome para conseguirmos saber onde se encontra o quê: desde que se tenha dada a devida autorização para tal.

No caso dos AirPods, como os mesmos não têm capacidade própria de localização, o local onde se encontram é obtido a partir do iPhone a que estão conectados. Dessa forma, sabendo onde andam os AirPods, sabemos onde se encontra o iPhone, e consequentemente o seu proprietário. Foi exatamente assim que uma mulher descobriu que o seu companheiro lhe estava a ser infiel.

Num vídeo partilhado no TikTok, a jovem explica à mãe e à irmã como teve conhecimento da infidelidade. A mulher em causa e o seu companheiro iam sempre juntos ao ginásio, e devido a isso os AirPods em causa estavam conectados a ambos os seus iPhones através da partilha. Uma dada altura, a jovem descobriu que era possível saber a localização dos AirPods e do iPhone a que estivessem ligados nesse momento, e decidiu usar essa informação para seguir as pisadas do companheiro. Um dia, o seu receio confirmou-se.

Após consultar a localização dos AirPods, percebeu que o seu homem se encontrava num hotel. Em chamada telefónica confrontou-o com esse facto, que foi prontamente negado pelo próprio. Então, a mulher pegou no nome do hotel, fez uma pesquisa no Google e enviou ao namorado um print com uma foto do edifício através do WhatsApp. Ao receber tal coisa, o homem desligou o seu iPhone, pensando que estava a ser vigiado através dele. Nada mais errado.

Photo of Apple AirPods on white table with case beside them.

Como é óbvio, a relação terminou naquele momento, e a jovem refere no vídeo que acha piada ao facto do ex-companheiro ainda hoje não ter percebido que foram os AirPods a denunciá-lo. Bem, como o vídeo em questão já conta com mais de 1,5 milhões de visualizações, por esta altura o infiel já deverá ter uma noção mais real dos factos...

Este tipo de situação levanta uma série de questões, maioritariamente de privacidade. Importa desde já esclarecer que, para a localização, seja do que for, ser partilhada na rede Encontrar, o utilizador tem de dar consentimento. Nada é feito sem autorização do próprio, que a pode revogar a qualquer momento.

Quer a Apple, quer outras empresas com sistemas semelhantes, criaram as funcionalidades de localização com vista a evitar roubos e a auxiliar os clientes no caso de perderem algum aparelho de sua propriedade. São as próprias marcas as primeiras a advertir que a utilização indevida da localização é proibida, e em certos casos até punida por lei.

O ato do homem em questão é indesculpável. Mas o que o levou a ser descoberto foi o descuido ou o desconhecimento de como funcionam os objetos de sua propriedade. A jovem aproveitou-se disso, o que acabou por lhe ser útil, num caso claro de "os fins justificam os meios". Porém, desengane-se quem pense que estamos a ser constantemente alvo de vigia fácil por parte do nosso próximo, pois repito: a localização só é partilhada se o utilizador consentir.