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M1, novos Macs, e as possibilidades para o futuro
Marcus Mendes

M1, novos Macs, e as possibilidades para o futuro

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Quem ouviu o episódio número 201 do podcast Área de Transferência sabe que eu tinha grandes esperanças para o evento da última terça-feira. Na realidade, falei sobre algumas dessas coisas na coluna do último domingo também: eu esperava que os primeiros Macs com M1 também fossem os primeiros Macs com LTE e ecrã sensível ao toque.

Os novos Macs com chip M1 - MacBook Pro, MacBook Air e Mac Mini.

Ok, em retrospectiva, talvez eu tenha criado expectativas um tanto irreais sobre o que seria possível fazer nessa primeira geração. Mas tendo assistido ao evento e tendo visto as possibilidades que o M1 (e o macOS Big Sur com as suas apps universais) trazem, estou ainda mais convencido de que o LTE e sensibilidade ao toque fazem parte do futuro do Mac.

E não estou sozinho. Na realidade, a própria Apple publicou (e depois tirou do ar) uma arte da Mac App Store que mostrava uma mão interagindo diretamente com elementos do Mac. Pode ser que isso tenha sido apenas uma decisão criativa para ilustrar as possibilidades trazidas pela chegada dos novos widgets do macOS? Pode. Mas o meu sexto sentido diz-me que existe algo aqui.

No texto da semana passada, eu falei com bastante empolgação sobre as possibilidades que seriam abertas com o M1. E agora, com reconhecimento de causa, reafirmo: estamos a assistir ao começo de algo completamente novo e (apesar dessa palavra já ter sido deturpada com o seu uso constante) revolucionário. O facto do MacBook Air básico com M1 ser mais eficiente do que o MacBook Pro 16” topo de linha sem M1 já é motivo suficiente para empolgar qualquer fã de tecnologia, mesmo os que não gostam da Apple.

Resumo básico das capacidades do novo chip M1 da Apple.

Esse aumento em performance é um dos mais significativos nos últimos anos do ponto de vista de processamento, e é 100% certo que todo o mercado irá seguir para computação pessoal baseada em ARM agora que a Apple colocou o próprio peso por trás desta ideia.

Na prática, isso significa que num futuro não muito distante, teremos mais computadores a rodar com processadores ARM do que Intel, o que por sua vez já terá sido motivo suficiente para levar os desenvolvedores a também apoiarem essa migração).

É bem verdade que alguns aspectos técnicos dos novos Macs deixam a desejar. O limite de 16 GB de RAM, por exemplo, é um deles. As limitações de conectividade para displays externos também é frustrante. Mas acredito que mesmo os mais críticos conseguirão ver que assim como o primeiro iPhone e o primeiro Apple Watch, estes novos Macs são apenas o começo de algo que irá evoluir muito, e muito rápido. O foco absoluto da Apple para este primeiro processador foi a performance, a fim de convencer o público de que o M1 oferece poder de fogo suficiente para substituir (com sobra) os chips Intel. Os próximos passos, já com a tranquilidade de quem já sabe que está com o jogo ganho, serão passar a investir nas possibilidades abertas e ainda inexploradas dessa arquitetura, o que não tenho dúvidas que inclui um Mac com LTE.

Sobre o touchscreen ou o Apple Pencil, aqui a lógica é parecida. A unificação de apps iOS e macOS é excelente, mas desde que a app não dependa de multi-toque (por exemplo) para funcionar. Se por anos a justificativa da Apple para a falta de apps iOS no macOS era que as dinâmicas de interação entre ambas plataformas eram diferentes, isso continua a ser verdade agora que essa integração existe. Interfaces pensadas para o dedo não são 100% adequadas para interação com o rato, apesar de ironicamente o mesmo proporcionar mais precisão no momento da interação.

Se a ideia de encostar o dedo no ecrã do Mac te causa arrepios, fica a saber que não estás sozinho. Eu usei um iPad Pro por anos como meu computador principal, e ainda não tenho coragem de encostar o dedo no ecrã do meu Mac. Mas algum tipo de interação assim me parece inevitável agora que a integração entre as apps de iOS e macOS é uma realidade. Há quem diga que uma alternativa possa ser o uso do Apple Pencil no trackpad para resolver parte desse problema. Concordo. Mas em uma escala não-tão-infinita de tempo, assim como no caso dos Macs com LTE, a possibilidade de interagir com as mãos diretamente no ecrã me parece inevitável.

Cenas para os próximos capítulos.

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